Carolina Pacini é artista e designer argentina cujo trabalho investiga a cor como vibração e potência. Entre cerâmica, pintura e ilustração, sua prática transita entre o artesanal e o experimental, explorando a força paradoxal da matéria — ao mesmo tempo frágil e resistente — e sua capacidade de transmitir energia.
Sua relação com a cor começou ainda na infância, aos cinco anos, ao criar “substâncias mágicas” nas águas da piscina de sua avó com flores de buganvília maceradas — o cloro da água intensificava os tons, dando origem a essências coloridas de uma beleza inexplicável. Até então, tudo era um jogo do instinto, uma experiência sensorial espontânea. Mais tarde, as caixas da Garoto que chegavam do Brasil à Argentina tornaram-se pequenos portais cromáticos. Na universidade, a cor passou de brincadeira à pesquisa, tornando-se o centro de sua prática. Já vivendo no Brasil, imersa na exuberância colorida do país, realizou sua primeira exposição individual, Festagem. De lá, partiu para a Inglaterra — e da Inglaterra para a Índia, onde iniciou sua investigação com pigmentos naturais usados ancestralmente em rituais e arte.
Esse percurso desdobrou-se em uma residência artística no Guldagergaard International Ceramic Research Center, na Dinamarca, onde desenvolveu suas primeiras tintas cerâmicas autorais — cores que vibram na superfície e se tornam extensão da matéria. A pesquisa foi aprofundada no Laboratório da Cor da UERJ, no Rio de Janeiro.
No ateliê IrisArco, Carolina cria cerâmicas com tintas feitas por ela mesma, elaboradas a partir do que chama de sua essência de cor — composições únicas que dão identidade e presença às peças. Desenvolve também estampas serigráficas aplicadas manualmente. Suas pinturas com pigmentos naturais revelam um gesto direto e físico, onde a cor atua como linguagem emocional e simbólica.
Embora tenha participado de exposições no Brasil e no exterior, considera a via pública seu palco mais potente — um espaço de encontro e transformação. Seus murais de azulejos em Santa Teresa (RJ), encomendados por comerciantes locais, são exemplos de sua busca por inserir poesia no cotidiano urbano.
Em 2024, apresentou no Museu Casa de Benjamin Constant uma série de obras táteis para pessoas cegas, unindo cor, relevo e percepção sensorial. Sua produção segue em expansão, guiada por uma única certeza: a cor é uma forma de presença no mundo.

